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Brasil e Portugal superam o grande pecado da tradução indireta

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Mais um russo no Brasil
E no final de semana passado, veio à Rússia a tradutora que apresentou Sorokin ao público leitor brasileiro. Arlete Cavaliere, também chefe do Centro de Estudos Russos da Universidade de São Paulo (USP).

Vladimir Sorokin foi muito bem recebido no Brasil, conta a professora Arlete:

“Foi uma personalidade bastante festejada porque foi o primeiro escritor russo que participou deste já conhecido festival internacional de literatura que acontece todos os anos em Paraty. Ele foi recebido com muito entusiasmo por uma juventude muito interessada na sua literatura. Só houve um conto dele traduzido no Brasil, “Um Mês em Dachau”, e agora, essa peça, “Dostoevsky-Trip”. Eu acho que teremos agora novos projetos de tradução de Vladimir Sorokin. Ele se mostrou bastante interessado, gostou muito do país, ficou entusiasmadíssimo com essa festa literária, com a cidade, que é uma pequena cidade histórica situada entre São Paulo e Rio de Janeiro”.

A tradutora até agiu um pouco como agente literário do escritor russo. O lançamento do livro aconteceu lá na Flip mesmo, quase um presente para o escritor. E a vinda do escritor, um presente para a tradutora:

“Tenho trabalhado dois anos na tradução, que saiu exatamente durante a festa em Paraty. Nós fizemos o lançamento do livro com a visita de Sorokin. Foi uma publicação muito festejada e muito divulgada no mercado editorial, porque Sorokin esteve presente no lançamento. Para mim, foi um grande orgulho. No livro, também apresento uma análise em forma de posfácio em que eu coloco um pouco a situação de Sorokin no panorama da literatura contemporânea, posição no posmodernismo russo”.

A peça “Dostoevsky-Trip” poderá ser encenada em São Paulo no ano que vem. Também, segundo Arlete Cavaliere, Vladimir Sorokin pode ainda vir mais uma vez para o Brasil, ainda em 2013, para o evento “Linguagens do Oriente: Contemporaneidade”.

“Penso que as relações entre a Rússia e Brasil têm se estreitado, haja visto o número cada vez maior de novas traduções da literatura russa publicadas no Brasil atualmente. Participar pela terceira vez do congresso de tradutores em Moscou tem me dado a oportunidade de divulgar aqui o trabalho realizado pela USP no que se refere ao estudo, a pesquisa e o ensino da cultura e da literatura no Brasil”, afirma a tradutora.

Arlete Cavaliere é uma veterana do Congresso, que acontece em Moscou a cada dois anos desde 2010. Aliás, desta vez, a participação lusófona cresceu no Congresso. Em 5 e 6 de setembro, dias de trabalho do evento, para além de Arlete Cavaliere, deram palestras também a tradutora brasileira Aurora Fornoni Bernardini e os portugueses António Pescada, Cristina Mestre, Nina Guerra e Nailia Baldé.

A professora Aurora é um dos nomes mais importantes da tradução literária de autores russos no Brasil. Ela elogiou o trabalho de Arlete Cavaliere, sua aluna, e destacou vários escritores russos que ela deu a conhecer ao público brasileiro:

“Os leitores se tornaram cada vez mais numerosos. No Brasil há uma espécie de moda da literatura russa. Particularmente, os clássicos são considerados quase que uma Bíblia para o leitor brasileiro. Mas também há a tradução de contemporâneos e a tradução dos antigos escritores “malditos”. Entre os escritores contemporâneos eu vou citar Sorokin, traduzido pela minha colega Arlete, que foi minha aluna e entre os “malditos” eu vou citar Kharms, que eu mesmo traduzi junto com duas personagens que foram candidatos a virem, mas não puderam devido a questões de família”.

Entre os autores russos que Aurora Bernardini já “fez brasileiros” na sua tradução, há a referir Velemir Khlebnikov, Lev Tolstoi, Marina Tsvetaeva e outros. Ela inclusive organizou um grande projeto internacional de tradução dos “Contos da Cartilha”, de Lev Tolstoi, com fotografias históricas e desenhos feitos por alunos de escolas russas. A tradução, para ela, é algo indispensável. “Na verdade, eu sou mesmo uma prisioneira da tradução”, comenta a tradutora, ressaltando também a importância da tradução direta:

“É verdade: mudou o interesse dos leitores brasileiros em relação à literatura russa. Em primeiro lugar, porque até recentemente essas traduções eram indiretas, feitas a partir do inglês ou a partir do francês. E naturalmente nesses termos o texto sofria muito, porque todo tradutor vai modificando o original. E modificá-lo duas vezes é um pecado muito grande”.

Do outro lado do Atlântico
Não obstante a situação em Portugal se assemelhar em vários aspectos à do Brasil, é um pouco distinta. Em Portugal, também havia o hábito de traduzir literatura russa através de outros idiomas, como o francês, o italiano ou o inglês. Esse “pecado” agora está se superando graças aos esforços de uma equipe de tradutores.

Segundo a tradutora Cristina Mestre, Portugal já conhece bastante bem a literatura clássica russa, mas não sabe quase nada do período contemporâneo. “Nós conhecemos bem a Rússia do século XIX, porém a Rússia contemporânea é praticamente uma incógnita para nós, e a literatura é um dos melhores métodos para conhecer a vida e o espírito de um país, um povo”.

O problema principal, segundo a tradutora, é a falta de interesse, por parte dos editores, em publicar novos títulos. Permanece praticamente inédita toda a literatura contemporânea da Rússia. Com os poetas, a situação é ainda mais preocupante: o leitor português desconhece quase por completo a poesia russa.

Nisso concordam todos os participantes da delegação lusa do Congresso. A tradutora Nina Guerra, que é também professora na Universidade de Coimbra, fez uma crítica bastante dura do sistema editorial português:

“O que existe é um conjunto de nomes e títulos “editáveis”. Para Dostoievski, por exemplo, são “O Crime e o Castigo”, “O Jogador”, “Os Irmãos Karamazov”. Para Tolstoi: “A Morte de Ivan Ilitch”, “Guerra e Paz” e “Khadji-Murat”. O resto é iniciativa nossa. Até de Tchekhov, em Portugal só sabiam que ele era dramaturgo, escrevia peças, mas não sabiam que ele era um dos contistas, narradores mais geniais do mundo”.

O famoso tradutor António Pescada, que traduz do russo, francês e inglês, comentou que Portugal precisa reforçar o prestígio da profissão de tradutor literário:

“A questão é que a profissão de tradutor não é muito prestigiada. Não é bem paga, ao contrário. Melhor renda traz a tradução técnica. Documentos técnicos são mais fáceis e melhor pagos, no modo geral. Em Portugal, durante vinte anos, o nome do tradutor vinha escondido, agora algumas editoras começaram a colocar o nome do tradutor na capa do livro. Isso não é exigência, é o editor que decide”.

Já segundo Nina Guerra, a escassez dos honorários e da renda se deve à crise econômica que o país vive. “Livro não é objeto de primeira necessidade, e também o difícil livro russo. Porém, a literatura russa é estimada e querida em Portugal”, afirma ela.

Contudo, a tradução literária não é menos importante do que a tradução técnica, uma vez que o conhecimento mútuo da literatura é uma das melhores formas para a compreensão mútua entre povos diferentes.

Cristina Mestre, na sua comunicação no congresso, faz várias propostas para melhorar a posição da literatura russa no mercado editorial português. Segundo ela, seria bom implementar um sistema de bolsas orientadas especificamente para a tradução da literatura russa contemporânea. Também seria muito eficaz efetuar encontros internacionais e informar sobre novos lançamentos e projetos editoriais em Portugal e na Rússia. E principalmente, é preciso melhorar o nível de preparação dos jovens tradutores que saem das universidades.

Fonte: Rádio Voz da Rússia

Autor

Pablo Batista

Pablo Batista

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